Defesa nada, ataque tudo
Antes de mais nada, mister faz-se parabenizar a diretoria do time de Brasília pela iniciativa e realização do torneio internacional. A intenção vale muito, no entanto, nem sempre tudo é perfeito. A tabela do torneio não foi dirigida e no segundo dia a Telemar já tinha conquistado o título. Além da falha na tabela, destaque negativo foi a péssima arbitragem, em especial dos árbitros de Brasília, pois torna-se até compreensível o fraco desempenho dos outros árbitros que eram de Macapá e Pernambuco. É chato falar, mas a organização poderia ter copiado o modelo do Super 4 organizado pela Confederação Argentina todo ano.
Em relação ao torneio, a expectativa foi superável. Até porque o Boca era o favorito e a Telemar na base da raça e na frieza do ala Marcelinho na hora H da partida para meter bolas decisivas, conseguiu virar um jogo cuja desvantagem chegou a 20 pontos. Aliás, tal favoritismo foi até motivo de uma cutucada do técnico Miguel Angelo ao comentarista do Sportv quando foi entrevistado ao término do torneio. Ouso a discordar do Miguel e concordar com o Bira Bello, que por sinal me surpreendeu nos comentários tecendo comentários críticos que nunca ouvi partindo dele, inclusive quanto a necessidade de uma mudança radical em todos os sentidos caso o Brasil queira estar nos Jogos Olímpicos na China. O time do Boca era favorito sim, pois vem de um campeonato forte e embalado, ao contrário dos demais times que participaram do torneio que ainda estão em formação e tiveram inúmeras falhas. Aliás, somente para argumentar, caso acontecesse a derrota para os argentinos, o discurso já estava decorado onde seria ressaltada a falta de ritmo, a preparação de um trabalho visando o campeonato nacional, e etc...
Como já ao término do segundo dia de competição era conhecido o campeão, no último dia foi mais para cumprir tabela. O jogo Boca x Brasília foi bem disputado, e Brasília aproveitou para conquistar uma importante vitória e aumentar a euforia da pouca torcida presente ao ginásio. No jogo de fundo, Telemar x Goiás, foi uma verdadeira pelada. Aliás, não foi só esse jogo, excetuando Brasília x Telemar, os demais jogos envolvendo as equipes brasileiras quem assistiu presenciou verdadeiros jogos de compadre, pois ninguém marcava ninguém, quem quisesse batia para dentro com facilidade, quem queria arremessar não titubeava.
Agora vou abordar time por time.
A começar pelo campeão, Telemar: o time não contou com Sandro Varejão no torneio e ele faz diferença. Demétrius voltando de contusão sentiu falta de ritmo e não esteve muito bem. A parte de defesa da equipe é uma mãe ? muito frágil. Dedé foi o destaque da equipe. Marcelinho mostrou que na hora decisiva ele não se esconde, o que merece ser ressaltado, não obstante individualizar muito o jogo em cima dele. Quem precisa melhorar muito é o gringo da equipe, o que ele tentou de arremesso e só deu ?air ball? não está no gibi. Ratto não comprometeu. Josuel conseguiu ir bem. O torneio foi ótimo como preparação visando a partida tão esperada no carioca contra Campos, que será realizada no próximo domingo. Com certeza, Miguel ao assistir os tapes da partida vai ver que precisará trabalhar muito a parte defensiva. A parte de ataque o time dele é formidável. Mas no basquete moderno, o que ganha um jogo, um campeonato, é a defesa.
Brasília: A intenção do torneio era dar ritmo ao time e ficou nítido que o objetivo foi alcançado devido a evolução durante o torneio. Assim como aconteceu com a Telemar, a parte defensiva não existiu, mas melhorou gradativamente com a seqüência de jogos. O time pensa na Super Copa e não poderia ser diferente. Se não conquistar a competição, se quiser participar do nacional vai ter que pagar o famoso pedágio que o Minas pagou há dois anos atrás. A precipitação no ataque é excessiva. A presença do Vargas no time vai ser fundamental para controlar o ímpeto de alguns jogadores, como Kenya e Eric. A equipe não contou com o outro americano, Izett. Desta forma, difícil analisar a equipe como um todo. Frise-se, a diretoria teve imbróglio para formar o time porque para a Copa Regional e Super Copa só podem participar dois jogadores que atuaram no último nacional no caso Alírio e Rodrigo. Como acontece que alguns técnicos, o Zé Boquinha tem o seu afilhado. Estou falando do Marcionílio. Com todo respeito, não tem mais condição de estar num time alto nível. Gostei de ver o armador Luiz Felipe. Ele está ainda se adaptando ao basquete tupiniquim, mas mostrou do que é capaz.
Boca Juniors: Uma escola de basquete; um time que tem jovens jogadores atuando com boa desenvoltura; equilibrado; pouca precipitação; tem como destaque o certeiro ala Quinteros; o catimbeiro armador Festa que conseguiu colocar pilha no Demétrius e este caiu apesar da sua experiência; uma dupla de americanos que se encaixa bem. A participação do time argentino foi muito positiva. Espero que as pessoas deixem de lado o ufanismo, e analisem com frieza para verem que os argentinos estão realmente na nossa frente. Não é pecado avaliar o que é bom. Telemar conseguiu uma vitória suada, mas o Boca chegou a colocar 20 de frente com certa facilidade, principalmente devido a fragilidade defensiva, frise-se.
Ajax: Foi o principal figurante do torneio. Na verdade a vaga seria de Mogi. O time está capenga. Não tem pivô. Está treinando faz um mês sob o comando do Márcio Bronquinha. Aliás, importante ressaltar que a principal escola dele foi quando Flor Melendez, Carlito e o Hélio Rubens passaram pelo Vasco. Certamente aprendeu muito e agora precisa colocar em prática e tem uma boa oportunidade. Contudo, não é santo milagreiro. Precisa de um time, estrutura e organização para conseguir realizar o seu trabalho. Segundo soube, o time apenas começou a treinar com bola há um mês, e como não tem ginásio vem treinando numa meia quadra numa academia. Além dessa precariedade, os jogadores estão sofrendo com um problema grave que não é peculiar ao time de Goiânia. Segundo soube através dos bastidores de Brasília, ninguém sabe o que é salário há 90 dias. Quanto ao time que participou, o destaque do time foi o peso-pesado Léo, que fez a festa nas defesas adversárias utilizando toda sua qualidade técnica e malandragem. Outro que voltou a mostrar um bom basquete engessado enquanto passou por Uberlândia, foi o ala-pivô Juliano. A novidade foi na armação. Márcio Bronquinha levou o jovem armador Bruno (ex-juvenil Araraquara).
Para terminar com chave de ouro, a organização não se esqueceu da premiação, fato que aconteceu na Copa Centro-Oeste quando a CBB não deu premiação. O mais inusitado que o evento não era CBB, e as medalhas entregues aos campeões tinham um símbolo enorme da CBB. Será que a organização da Copa Centro-Oeste guardou as medalhas para o torneio internacional? Pelo que eu soube, na Copa Norte teve medalha para os campeões, vice-campeões e também para quem terminou em terceiro lugar.
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O burburinho quanto à eleição da CBB no próximo ano está esquentando. Até agora nada oficial. De extra-oficial mesmo, somente uma bandeira levantada pelo Jose Medalha, mas que para ser oficializada precisa do aval ao mínimo de duas federações. Além dele, está surgindo um novo movimento, mas como ainda ninguém se manifestou não vou citar o nome, mas... dicas de quem seja posso lançar e aí cada um faça a sua análise. Ele é pai de um jogador com passagens na seleções brasileiras (de base e principal), foi dirigente de clube, tem um bom relacionamento com políticos carioca e foi (ou é) um grande desafeto do atual presidente da CBB. Por enquanto, somente isso.
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Ontem assisti Franca x Araraquara. Fazia um bom tempo que não assistia o time do prancheteiro atuando. Gostei muito do que assisti. O conjunto do time é muito forte e não há uma estrela solitária. Por outro lado, Chuí precisa chamar o Lucas Tischer para uma conversa em particular, caso queira avançar na competição. Falando em avançar na competição, ontem durante a transmissão, o repórter André Kfouri anunciou o regresso do Guilherme da Luz. Ele voltou para reforçar o time de Franca. Nunca o vi jogar, mas tenho boas informações. Na próxima fase do paulista certamente conseguirei assistir uma partida dele, haja vista que no último nacional a CBB conseguiu a proeza de não transmitir um jogo sequer da Ulbra, time que ele defendeu.
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Em agostou voltou Marcelo Machado, mês passado voltou Leandro Salgueiro, e agora volta o Guilherme da Luz. As coisas não tão fáceis para os brazucas na Europa, bem como na NBA, onde atuam muito pouco. A respeito do regresso do Guilherme da Luz, cabe uma dúvida: pelo regulamento do campeonato paulista, no que se refere à inscrição de jogador, o artigo 23 é taxativo: ?A inscrição de jogadores, tanto nacionais como estrangeiros, termina impreterivelmente, 72 (setenta e duas) horas, ANTE DO INÍCIO do PRIMEIRO TURNO da Fase Classificatória para o Playoff?. Será que o prazo para inscrição não expirou?
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Não teve jeito. Mais um brasileiro afastado do cenário Fiba por dois anos. O veredicto saiu semana passada. Ao contrário do que o jogador alegou logo quando chegou da excursão da seleção brasileira que tinha usado um descongestionante nasal, ficou comprovado que tomava um complexo vitamínico proibido. Assim, o jogador tem duas opções até 12 de agosto de 2006, quando termina o prazo da pena: ou ele vai jogar no basquete universitário, ou em ligas não reconhecidas pela Fiba.
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Hoje é feriado. Para os cariocas, dia de praia, sombra e água de coco, mas o pessoal da FBERJ poderia trabalhar um pouquinho. Desde quinta-feira o site não é atualizado. O mais engraçado foi ter recebido ligações de alguns jornalistas querendo saber de mim ? que não tenho nada a ver com a FBERJ - o resultado das partidas realizadas durante o final de semana. Dá-lhe organização! Não sei o resultado final, mas segundo informações, Macaé venceu o segundo duelo contra Rio das Ostras por 10 pontos.
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Terminou o primeiro turno do Nacional feminino. Americana terminou invicta. Um fato curioso acontece no time de Rio das Ostras. A ex-jogadora em atividade, Marta, foi contratada recentemente. Atuou em uma partida e não mais. Corre à boca pequena que só volta a jogar quando tiver o dindin na mão.