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BASQUETE - Editorial

A CESTA QUE CAI SÓ NO SÁBADO

06/02/2016 23:46 h

         

LA FIGLIA DEL BABBO
Minha filha é produtora e às vezes apresentadora do Canal Chuá. Depois de ter nascido em um lar de esportistas e ouvido quase todas histórias da nossa geração, ela pega e se casa com o Guilherme Giovannoni para, entre outras coisas, continuar a ouvir mais histórias basqueteiras.

Ela acompanha o Guilherme e sua carreira há mais de dez anos e de tabela segue o basquete global com direito a explicações e interpretações do jogo que só ele pode lhe oferecer.

A princípio achei que iria ficar entediada, mas com o decorrer dos anos ela não só adquiriu grande conhecimento daquilo que faz como também sabe interpretar à sua maneira os meandros da bola laranja (novíssima, essa). Toda essa bagagem, aliada à sua preparação como atriz, lhe confere um forma divertida e diferente de apresentar o basquete.

É basicamente isso o Canal Chuá: ela, o Douglas “Ninja” Viegas e sua turma nos mostram um basquete completamente diferente do que estamos habituados. Eu gosto muito. Não poderia ser diferente.

CAINDO PELAS TABELAS
Os treinadores das categorias de base do basquete paulista, em reunião na FPB, decidiram por bem não mais utilizarem as tabelinhas na categoria sub12. Obviamente houve uma reação muito grande vinda de vários segmentos do nosso basquete.

Tanto os motivos alegados de um lado como ou de outro possuem grandes doses de razão, mas como a vida não é uma linha reta e o caminho mais rápido não é necessariamente o mais curto (taí o Waze prá me dar respaldo), o que mais me chamou atenção foi a reação ao novo, às mudanças, que tal decisão causou.

Aliás, isso não é novidade no basquete. A turma é boa para copiar e ficar fazendo sempre a mesma coisa pelo simples motivo de que isso sempre foi feito assim.

Minha opinião é que aquela tabelinha aumenta sim a facilidade motora e didática de aprender o jogo, afinal de contas os jogos reduzidos servem a quê? Eu posso estar muito enganado, mas os jogos reduzidos servem a ensinar o jogo, ao treinamento mais que outra coisa.

Não sou contra as tabelinhas, mas estas, quando utilizadas em jogos oficiais servem apenas a aumentar o nível competitivo dos mesmos.

BASQUETINHO
Eu me apaixonei pelo basquete aos nove anos de idade quando, numa aula de educação física, o professor nos fez jogar o que ele chamava de basquetinho.

Nada mais era do que dividir a classe, colocar uma bola de “medicine ball” embaixo de cada cesto, com um aluno em cima de cada uma e dar como o objetivo ao invés da cesta, entregar a bola a esse menino que estava em cima daquela bola pesada.

Ou seja, era um jogo reduzido sem cestos e sem arremessos, mas de muitos dribles, passes e estratégias para se entregar aquela bola.

Divertimento e aprendizado nota cem. Preocupação com a competição nenhuma.

Assim me iniciei.

A HISTÓRIA DOS CRAQUES
Sim, porque a história é sempre a mesma, ou quase a mesma. Fulano tinha uma cesta em casa, com bola de plástico e tentava encestar com chuva, neve ou tempestade. Outro jogava contra os irmãos mais velhos e chorava quando perdia.

Este arremessava com a mãe empunhando uma vassoura para me fazer aumentar a parábola do arremesso. Aquele driblava pegando as pedrinhas que o seu professor colocava no chão.

Todos esses fracassaram na sub12, mas alcançaram o melhor do que sua técnica e físico lhes podiam oferecer anos depois.

Por quê? Porque tiveram tempo para aprender todos os fundamentos do jogo.

Fulano, Este, Aquele e o Outro em algum momento da carreira tiveram médias pessoais de 50% dos 2, 40% dos 3 e 90% nos LL, além de saberem interpretar o jogo de maneira superior.

Aprenderam sem terem que competir.

DEI BICO?
As tabelinhas deveriam existir nas escolas do ensino fundamental e primeira metade do ensino médio. O professor de basquete, protegido pelo ambiente escolar não competitivo, teria modo e tempo para ensinar os fundamentos e as diversas fases do jogo aos alunos.

Então e só então os técnicos ensinariam os atletas a competir.

Será que me engano ou o basquete deveria ser aprendido nas escolas?

Marcel de Souza
marcel@databasket.com
Administração

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