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BASQUETE - Editorial

A "ZONINHA" COMO SOLUÇÃO

29/04/2012 10:03 h

         

Eu quero saber quem é o engraçadinho que não deixa as categorias de formação marcarem por zona.
 
Ontem, na Argentina, tivemos a continuação do Final 4 da Liga das Américas, competição que pretende colocar em confronto as melhores equipes do continente.
 
Muito bem, o que vimos foi a reabertura do “museu de grandes novidades” quando tanto Brasília como o La Unión de Formosa recorreram ao banido recurso da marcação por zona para reverter os iminentes resultados catastróficos de suas partidas e se colocarem em posição de vencer a competição na noite de hoje.
 
No primeiro encontro, o nosso UNICEUB/BRB/Brasília apanhou que nem gente grande de uma discreta, mas muito bem treinada equipe mexicana (ai meus tempos...), de pomposo nome: Pioneros de Quintana (Oh... hoje temos pela frente os poderosos Pioneros de onde mesmo? Ah Quintana) e só encontrou saída depois de ter apresentado problemas de falta (de juízo?) em alguns de seus melhores jogadores e “apelar” prá uma zoninha bem plantada, abusar de contra-ataques e transições (ai meus tempos de novo...), e reverter a situação, colocando-se de novo nas paradas do sucesso.
 
De qualquer maneira o final do jogo foi emocionante, menos pelos acertos de Nezinho (23 pts) em duas magistrais cestas de 3pts, que deram a vantagem aos brasilienses no minuto final e mais pelos erros (prá não dizer outra coisa) que as duas equipes conseguiram cometer nos últimos 30 segundos, os quais passo a vos descrever numa poética construção literária.
 
Nezinho “encaçapa” seu segundo triplo e dá vantagem ao Brasília, atacam os Pioneros (sem idéia tática alguma) e vão enfiar a “bola no nariz” (como dizia meu pai) quando eis que surge Arthur (23 pts) e “chuta prá lateral” uma bola que já era nossa.
 
Sai a bola e desta vez, os mexicanos enfiam-na mesmo no nariz. Bola nossa. 17 segundos...
 
Brasília, que já tem experiência nesse tipo de coisa, arma a saída da pressão e, como sempre, perde a bola pela lateral desta vez com Nezinho (que foi para lá, quando deveria vir para cá), que sai com bola e tudo pela lateral.
 
Eu estava assistindo ao jogo com o Maury, que quase caiu da cadeira... Oooo Nê, faz isso com o Maury, não...
 
O técnico do Pioneros, importado da Espanha como o novo Guardiola das Américas, pede tempo e targiverseia em um idioma anglo-iberico: “vamos a gañar. Let’s go”,
 
Os Pioneros têm a última bola e a perdem e a recuperam pelo menos umas três vezes, numa série de erros, que termina em cesta, mas com o cronômetro estourado.
 
O basquete também é emocionante nos erros.
 
Resumindo, tinha um “tampinha” lá no time do Pioneros, que não é rápido e não arremessa muito bem de três, mas estava engolindo o Brasília como se ele fosse o “tyrone bogues” da situação.
 
Foi só marcar uma zoninha...
 
Até aí estava tudo bom. Ganhamos e agora vamos torcer para o La Unión de Formosa (daqui prá frente apenas Formosa), que terá que vencer o extra poderoso melhor time das Américas, quiçá um dos melhores do mundo... Obras Sanitárias de La Nación (daqui prá frente apenas Obras), que tem em seu seio o fabuloso Guitierrez (14 pts e 7 rebs) e é dirigido pelo magnânimo Julio Lamas, JL, técnico da maior força do continente quando o assunto trata das seleções nacionais.
 
Muito bem. Eu me aboleto para ver e apreender um pouco mais do basquete argentino, que nos dias de hoje (ai meus tempos...) é o modelo a ser seguido: jogadas cerebrais, busca insana pelo arremesso livre, controle defensivo do jogo, jogadores com os fundamentos do basquete num nível de excelência incomparável, enfim, tudo o que nós devemos fazer para retornarmos ao grande jogo.
 
Quero aprender, quero descobrir o novo basquete argentino, com seus meandros e milongas. Quero me deliciar com as defesas intransponíveis e o jogo controlado, sem excessos. Quero decifrar as movimentações táticas, as opções para o pick-and-roll, o jogo interior dos pivôs.
 
Que venha o Tango! “Quiero tangar” como um bueno milonguero.
 
É hoje que descubro “o que é que a baiana tem” no basquete argentino.
 
Uau! Levantam-se as cortinas, acendem-se os refletores, a bola é alçada e...
 
Geeeeente... O maior “pega e chuta” da paróquia! Só de três. Um passe e um chute, contra-ataques e transições de fazer chorar (a velocidade...).
 
Enfim, o armador “armeia”, o pivô “reboteia” , o chutador “chuteia” e bola prá frente.
 
Noossa, será que eles descobriram que brasileiro gosta de correr e só contra a gente eles seguram o jogo?  
Obras, totipotente, abre 10 e JL, intelectual, faz pose de bacana.
 
Bola prá cá, bola prá lá, tempo do Formosa e retorno com a nossa velha e conhecida zoninha...
Vai saber porque, o Formosa faz 12 a 0, volta para o jogo e vence. Que coisa, não?
 
Já não tão poderoso assim, JL faz cara de quem não entendeu o que aconteceu. Seus assistentes cochicham nos seus ouvidos e ele apenas balança a cabeça sem reação tática alguma.
 
Não tem resposta técnica para a zoninha do Formosa e seu barco naufraga impiedosamente nos poço dos que acreditam que arremessar do perímetro e penetrar a zona são as únicas soluções para bater a defesa por zona.
 
De qualquer maneira, na rodada de logo mais, todas as equipes têm chances ao título, dependendo da combinação de resultados.
 
Para o nosso Brasília, basta que o Pioneros vençam e que eles também vençam o Formosa.
 
Zoninha neles!

Marcel de Souza
marcel@databasket.com
Administração

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