Técnico de basquete: missão ou profissão
A história do basquete brasileiro traz em seus arquivos excepcionais técnicos que com o passar dos anos deixaram um legado até hoje reverenciado por muitas pessoas do esporte e da imprensa. Qualquer “basqueteiro” guarda na memória os nomes de Moacir Daiuto, Togo Renan Soares (Kanela), Pedro Murilla Fuentes (Pedroca) ou Ary Ventura Vidal. Dos saudosos citados, tive o prazer e a honra de trabalhar com o carioca Ary Vidal na equipe mineira do Unit/Uberlândia. Por tudo que fizeram e ainda fazem pelo basquete brasileiro, podemos incluir também nesta seleta lista os nomes de Hélio Rubens Garcia, Edvar Simões e Claudio Mortari. A Confederação Brasileira de Basketball (CBB) mantém no seu site: www.cbb.com.br, o ranking oficial dos técnicos que trabalharam nos campeonatos nacionais de 1990 até 2008. É só clicar em competições, temporada 2008, em seguida campeonato nacional e depois em participação dos técnicos. Apenas como curiosidade, durante este período, 109 técnicos dirigiram alguma equipe no campeonato nacional. Pena que esta estatística foi interrompida após 2008, mas vale a pena clicar e conhecer um pouco da história de nossos técnicos em campeonatos nacionais. Fiz questão de dar este nome neste artigo porque na maioria das vezes a atuação de um técnico de basquete em nosso país se confunde muito com ministério, missão ou a busca de transformar um sonho em realidade.
Quantos clubes ou cidades se destacaram no basquete porque tinham a pessoa certa no lugar certo. Poderia aqui dar vários exemplos de técnicos que fazem ou fizeram que seu clube ou sua cidade se tornasse uma referência no cenário esportivo brasileiro, mas não vou fazê-lo para não correr o risco de cometer alguma injustiça de esquecer algum deles, mas quem acompanha nosso basquete é testemunha que temos muitos profissionais que são verdadeiros “obreiros” em fazer com que nossa modalidade seja praticada, massificada e desenvolvida em diferentes regiões do Brasil. Agora, acredite quem quiser, nem mesmo a profissão de técnico de basquete existe no Brasil. Nos últimos anos, com a criação e a obrigatoriedade de todo profissional do esporte possuir o registro do CREF (Conselho Regional de Educação Física), melhorou bastante nossa profissão no aspecto de valorização, respeito e credibilidade, mas ainda falta muita coisa para que possamos nos sentir verdadeiramente profissionais legalizados em nosso país. Outro fato muito positivo acontecido recentemente foi a criação da Escola Nacional de Treinadores de Basquetebol (ENTB). Na pratica, aprendi com o tempo que para se tornar um técnico em qualquer modalidade esportiva é preciso que tenhamos algumas características indispensáveis: liderança, poder de convencimento, transparência, honestidade e ser criterioso nas suas atitudes. É um trabalho difícil. O técnico tem que ter estilo próprio, não adianta querer imitar um técnico vencedor, porque existe uma composição oculta de personalidade e de caráter em cada técnico que não tem como ser imitada.
Durante toda a temporada o técnico é julgado pela imprensa e pelos torcedores, que na sua maioria, são pessoas que tem pouco conhecimento para julgá-lo. Suas opiniões são sempre baseadas nos resultados. Se for um técnico vencedor, tem que ganhar sempre. Quando perde alguns jogos, sua capacidade é questionada. Para alcançar o sucesso, acredito que o técnico tem que fazer com que seus jogadores saibam distinguir na alma a diferença da vitória para a derrota. Além disso, tem que saber lidar com todo tipo de dificuldade e pressão. Além da filosofia de trabalho que cada técnico deve ter, entendo também que existem ainda algumas características que poderão fazer com que o técnico seja respeitado, admirado e valorizado.
Como exemplo: ser autentico, firme, positivo e humilde. Finalizando, o bom profissional é aquele que procura sempre manter a ordem e a disciplina, que encontra soluções para os mais diferentes problemas, que tem capacidade de montar uma equipe com atletas sérios, leais e confiáveis, que saiba administrar a vaidade de cada um e que faça com que os atletas acreditem que através da união do grupo e do espírito de equipe todos conseguirão atingir seus objetivos pessoais, profissionais e coletivos.
Marco Antonio Aga